segunda-feira, 17 de maio de 2010

À CONVERSA COM TIAGO MOREIRA

QC - Tiago os ralis para ti são uma verdadeira paixão, não é verdade? Como surgiu este teu gosto pela modalidade?
TM - São mesmo uma enorme paixão. O gosto surgiu desde muito pequenino. Ainda me recordo de ver as bombas de Grupo B a passar na curva da Rampa Funda, em Tuías, Marco de Canaveses, onde resido actualmente. Devia ter uns 4 ou 5 anos.Com apenas 3 anos eu já me sentava no banco do condutor dos carros da familia e fazia umas "habilidades" como colocar o motor em funcionamento causando alguns sustos aos meus pais. Com 6 / 7 anos já manobrava máquinas de terraplanagens. Aos 8 anos tomei contacto, pela primeira vez, com um karting. Dei umas voltas no kartódromo do Cabo do Mundo em Matosinhos.
Como podes constatar, o bichinho já "nasceu" comigo.

QC - Foste um dos primeiros ou mesmo o primeiro piloto oficial da Queirocar Competições, como foi essa experiência? Que carro conduzias na altura?
TM - Bem. Fui mesmo o primeiro e como tal a tarefa revelou-se um pouco "pesada". Embora as pessoas que colaboraram comigo no projecto já tivessem um pouco de experiência na competição para mim era uma experiência nova. O carro utilizado e de que sou actual proprietário é um Renault 11 Turbo. O carro foi totalmente construído de raiz. Trata-se um carro com uma preparação relativamente básica e é uma boa base de evolução assim se reúnam as condições necessárias para esse efeito. Apenas participei em 4 ralis até hoje e apenas num logrei atingir o final num 10º lugar que soube a pouco, mas terminei, que era o objectivo principal. Nos outros ralis, um pouco por culpa da juventude do projecto, desisti por problemas mecânicos.

QC - Dizem que nestas coisas as pessoas estabelecem uma relação especial e quase humana com o carro, é verdade? Também sentes isso? Há alguma relação especial entre ti e o carro?
TM - Como o carro foi construído de raiz, a ligação homem-máquina torna-se mais profunda. A dedicação ao projecto é também maior, pelo que, a ligação acaba por ser mais forte. Se algo acontece ao carro é quase como se o sentíssemos na nossa própria pele.O objectivo entre homem-carro é sermos um só, pensar e agir como se apenas fossemos uma única peça talhada para cumprir determinado objectivo.

QC - Actualmente continuas integrado na estrutura da Queirocar Competições na parte da assistência. Que pormenores tens com o carro antes, durante e depois das provas?
TM - Antes de cada prova faz-se uma revisão geral ao carro. Todos os componentes do carro são verificados e todos aqueles que careçam de substituição são alvo de intervenção. Procede-se também ao acerto das melhores afinações como tipo de pneus, alinhamentos, alturas, etc., procurando sempre obter o melhor compromisso para cada tipo de prova. O carro deve apresentar-se à prova na sua melhor condição. No decorrer da prova vão-se verificando os diferentes componentes, ver como se comportam e se poderão falhar. Se algum componente falhar tenta-se encontrar o melhor compromisso na resolução desse problema de forma a permitir continuar na prova. Depois da prova repetem-se as operações que antecederam a mesma e reparam-se as falhas que possam ter ocorrido na prova.

QC - Quando o carro por este ou aquele motivo "falha" e compromete o desempenho da equipa numa prova, como reages?
TM - É frustrante. Toda a equipa, mecânicos, pilotos, etc., se empenha para que tudo corra bem. Infelizmente, não por vontade nossa, nem sempre esse objectivo é satisfeito.

QC - Queres falar-nos um pouco do carro e das suas características?
TM - O carro é um veículo de características desportivas, um Toyota Corolla Gti. É equipado por um motor de 1,6 litros que se encontra dentro dos parâmetros originais, de tracção anterior. A caixa está equipada com um autoblocante, que já é uma mais valia, pois permite um melhor controlo do carro e melhorar a tracção do mesmo em determinadas condições de piso. A nível de suspensões está equipado com amortecedores reguláveis em altura em ambos os eixos. A nível de travões mantém, também, as características originais. Possui também todos os elementos de segurança montados, tais como roll-bar, bakets, cintos de segurança, corta-corrente e extintores. No geral, o carro tem uma preparação muito básica, cumpre com os requisitos mínimos exigidos para poder participar neste tipo de provas.

QC - Como descreves a evolução da equipa Queirocar Competições? Há mais condições hoje?
TM - A equipa, além de ser composta por um director, pilotos, mecânicos e relações públicas dispõe também de elementos de apoio tais como:

-oficina de mecânica, chaparia e pintura
-carrinha oficina

-atrelado de transporte
Estas condições já me foram colocadas à disposição quando iniciei o meu projecto.
De momento, penso que estas condições preenchem os requisitos mínimos necessários para a participação em provas desportivas.
QC - Na tua opinião, que condições mínimas deve uma equipa como a Queirocar Competições ter para que a médio prazo possa aparecer nos lugares cimeiros das provas?
TM - Do meu ponto de vista as condições mínimas estão criadas. Poderão existir alguns detalhes a melhorar mas isso irá, certamente, acompanhar a evolução do projecto. A médio prazo, a carrinha oficina utilizada poderá revelar-se insuficiente para as necessidades do projecto mas tudo dependerá do rumo que este tomar.
QC - O que significa para ti fazer parte de um projecto como este da Queirocar Competições?
TM - Para mim é gratificante. Gosto do projecto e do trabalho em equipa, gosto do ambiente das provas, gosto de aprender e dar o meu contributo, sempre que possível. Custa estar do lado de fora do carro, gostava mais de estar lá dentro, mas já me sinto bem por estar por dentro deste projecto.
QC - Sendo tu uma pessoa com mais alguma experiência, que conselhos dás ao piloto Marcos Queirós e ao co-piloto "Vi"?
TM - Não existem fórmulas mágicas. São dois pilotos jovens com carências a nível de experiência em provas. Iniciaram um processo de aprendizagem e, com o tempo e mais participações em provas, a evolução far-se-á notar dando os seus frutos.
QC - Qual era na tua opinião o carro ideal para a equipa Queirocar Competições pensar "noutro tipo de voos"?
TM - De momento e por mais algumas provas penso que o carro actual serve inteiramente o propósito para atingir os objectivos a que esta equipa se propõe. Este projecto deverá evoluir a seu tempo, naturalmente, sem pressas. A pressa é inimiga da perfeição.
QC - Quais são as tuas referências no mundo dos ralis?
TM - As referências são várias. A nível de pilotos, os que mais me marcam são Colin Mcrae e Jean Ragnotti. São, para mim, verdadeiros ícones no mundo dos ralis.
A nível de marcas, sou apaixonado por todas, todas elas têm ou tiveram modelos que marcaram gerações.
Os carros que mais ambiciono poder guiar, pelo menos uma vez, são:
-Lancia Deltona
-Renault 5 Maxi Turbo
-Subaru Impreza 555
-Peugeot 306 Maxi-um WRC e um S2000 dos que rodam actualmente

QC - Quando pudemos voltar a vêr-te novamente ao volante nos ralis?
TM - Gostaria mais que ninguém que este período de paragem fosse o mais curto possível.
Em 2010 não deverei participar em qualquer prova. Gostaria de tornar possível a minha participação em 2011, nem que seja apenas esporadicamente.
Gostava muito de realizar uma época completa mas não tem sido nada fácil reunir as condições necessárias para tornar tal objectivo possível.
QC - O que pensas deste nosso blogue?
TM - Acho que é um excelente contributo para a divulgação deste projecto e que espero, seja para continuar.
QC - Algo mais que queiras acrescentar?
TM - Apenas quero dizer, para finalizar, que desejo o melhor para este projecto. Espero principalmente poder divertir-me, aprender, evoluir e contribuir para que tudo resulte o melhor possível.

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